segunda-feira, 9 de maio de 2011

SITUACIONAUTAS #2 - Brasília

Inventando Situ-Ações Performativas e navegando por trajetórias entre signos no espaço público urbano.



DESCRIÇÃO
Prospecção cênica em ambientes urbanos de intensa circulação de pedestres onde os performers executam partituras de Situ-Ações Performativas que interagem e interferem na “coreografia do cotidiano”.
As Situ-Ações Performativas criadas levam em consideração o espaço físico o qual se propõe intervir, estabelecendo, assim, uma relação não só com a arquitetura e tecido urbano, mas principalmente com os transeuntes que circulam nesses espaços. Ocupam-se da exploração da dimensão física, social e mental do corpo em relação com o cenário material da vida, isto é, a relação do corpo com a urbanística e a arquitetura e os comportamentos provocados nessa relação.
Esses modelos práticos de performance, têm a atenção centrada nos espaços urbanos de intensa circulação de usuários, pois, o objetivo é interagir com “público ocasional”, partindo de Situ-Ações que rompem e refletem o cotidiano do pedestre.
Estes eventos-ações serão projetados em função do espectador (público-vivenciador-ocasional), propondo-lhe uma rara experiência fenomenológica e crítica da realidade.
Trata-se da realização de intervenções-obras-experiências pontuais e efêmeras, mergulhadas em observações sociológicas, filosóficas e políticas. Experimentos que associam estética com ética.
Para tanto, propomos engendrar durante a Semana Fora do Eixo (entre 25 a 30 de abril) 4 performances que estabeleçam um amplo diálogo com o espaço público urbano da cidade de Brasília e seu habitante.
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Situ-Ação Performativa 1 - ONIWA/Orquestra Polifônica de Levante Festivo

Techno e dança em uma performance que se vale da reciclagem de ambientes, instrumentos e tecnologias para favorecer uma comunicação circular acessível a todos.




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Situ-Ação 2 - A PROCURA – HETEROTOPIAS DOS PERCURSOS

Lançar-se em Deriva pela cidade de Brasilia, partindo de um modelo performativo, cujo objetivo é abordar os habitantes destas cidade (público-vivenciador-ocasional) com uma pergunta-provocação: Por gentileza, você sabe me informar aonde posso encontrar a vida?
Depois de estabelecido o contato e de interações verificadas em possibilidades, o Performer intenta ainda provocar: Eu já andei por diversos cantos desta cidade e só encontrei a sobrevivência
A pergunta-provocação e feita pelo Performer com a naturalidade de alguém que esta pedindo uma informação de certa localização geográfica. São as informações dadas pelos habitantes (público-vivenciador-ocasional) que irão conduzir o Performer nesta Performance-Processo-Procura pela vida. Isto é, o Performer estabelece uma relação teatral com os habitantes (público-vivenciador-ocasional) onde eles são estimulados pela obra a desenvolver uma ação performativa e passa a ser construtor direto da obra em questão. Para tanto, será trabalhada nesta Performance a noção de espaço de performação, traduzido como aquele que insere o espectador na obra-proposição, possibilitando a criação de uma estrutura relacional ou comunicacional. Ou seja, o espaço de ação do espectador (público-vivenciador-ocasional) ampliando a noção de Performance como um procedimento que se prolonga também nos participantes.
Trata-se da utilização do corpo-instrumento e sua relação espaço-tempo em ligação direta com os habitantes (público-vivenciador-ocasional). Cada contato estabelecido é uma experiência pessoal e intransferível. Interferência imperceptível que ficará principalmente gravada na memória dos vivenciadores.
O Performance A PROCURA – HETEROTOPIAS DOS PERCURSOS propõe ampliar a percepção dos habitantes (público-vivenciador-ocasional) ao confrontá-los individualmente com um jogo de pergunta e resposta. A pergunta é paradoxal e, dependendo da tolerância da pessoa abordada, o diálogo pode prosseguir por um tempo indefinido. A ação performativa pretende estender-se a determinação do espaço na sua forma mais ampla possível, consistindo numa experiência de tempo indeterminado, dinâmico-espacial. O conceito convencional de obra de arte e os locais institucionais para sua exposição tornam-se, então, insustentáveis para o desenvolvimento da Performance A PROCURA – HETEROTOPIAS DOS PERCURSOS.
O Objetivo desta Performance é provocar uma Situ-Ação Micropolítica no Cotidiano que gere procuras, encontros e reflexões sobre a sobrevivência enquanto problemática que nos impede diariamente de realizar a vida, afim de criar um espaço intimista, otimista, sutil e concreto de discussão, de surpresa, transformação e confronto com a sobrevivência para potencializar a vida.



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Situ-Ação 3 - HOMO CONSUMIBILISTrata-se de uma intervenção-obra-experiência móvel, visual, imediata, pontual e efêmera que propõe interferir no cotidiano de maneira sutil e intimista.
Na performance HOMO CONSUMIBILIS os performers atravessam um mar de produtos carregando entre os dentes vários cartões de credito. O cartão de crédito representando um símbolo da supermodernidade, símbolo que permite o acesso, comprova a identidade e autoriza movimentos impessoais.

Neste mar de produtos, nesta tirania oral, o HOMO CONSUMIBILIS não encontra o que deseja, mas deseja tudo o que encontra.
Uma performance que trata da crise do sujeito contemporâneo imerso em “áreas exclusivas para orgias de consumo”. Áreas em expansão, cidade-mundo, cidade-shopping, cidade-oferta de mercadorias que se abate qual avalanche sobre os sujeitos, impedindo-os de se saberem como sujeitos.
O Shopping, em seu sentido amplo, diz Koolhas, tornou-se o paradigma de crescimento das cidades a nível mundial, e a cidade de Brasilia não poderia escapar desse movimento geral de crescimento e subsistência da cidade enquanto shopping.
Desde os anos 70 o pensador Jean Baudrillard contestou a formação de uma sociedade baseado em vitrines e shopping centers. Na obra “Sociedade do Consumo: Mitos e Estruturas”, de 1970, o filósofo francês mergulha fundo na dinâmica dos objetos no mundo contemporâneo e os relaciona ao universo das compras: “É preciso deixar claro desde o início que o consumo é uma forma ativa de se relacionar (não só com objetos, bem como com a sociedade e o mundo), uma forma de atividade sistemática e resposta geral que sustenta nosso sistema cultural como um todo”. Ele mostra na obra de que maneira as grandes empresas forjam irrepreensíveis “desejos”, criando novas hierarquias que substituem as tradicionais diferenças de classes. O ato de comprar, de ter coisas, transforma-se dessa maneira em um novo mito tribal, a moral dos tempos modernos.
A idéia é mostrar a permanente recriação de indivíduos consumidores, permanente recriação que assegura a continuidade do sistema capitalista contemporâneo.




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Situ-Ação 4 - SUJEITOS E SUJEITADOS – CARTOGRAFIAS DO PODERPerformance onde se trabalha com a idéia de apropriação sígnica espacial, um tipo de performance em paisagem urbana. A experiência é visual e imediata. Uma performance que permanece como forma, cuja forma deriva do nome da performance - SUJEITOS E SUJEITADOS -. Nesta performance os SUJEITOS são configurações de obras representativas que se baseiam no princípio da estetização de poder. Os SUJEITOS podem ser definidos como lugares identitários, relacionais e históricos que servem de referência para toda a comunidade. Podem ser definidos também como Supralugares (Surluogo, no original italiano). O Supralugar é onde se manifesta o poder no espaço, ação estratégica do poder no tecido conectivo da metrópole; é o meio mediante o qual o poder do desejo é desarmado, a mentalidade da passividade e do mandato se constrói. A cidade passa a ser, assim, um retículo de trajetórias que ligam esses lugares entre si (cartografia do poder).
Estas configurações arquitetônicas são apropriadas e utilizadas como cenário-personagem por 3 performers que se instalam e desenvolvem uma representação imaginária, interpretando uma narração do corpo, e de seu comportamento símbolo de sua sujeição a esses equipamentos urbanos.



O objetivo desta performance é evidenciar-provorar a cartografia dominante: instalados nela, os performers (SUJEITADOS) ganham uma existência na paisagem, agora não mais passível de ser ignorada, e a relação entre SUJEITOS E SUJEITADOS não pode ser denegada. A força do resultado formal, tanto na escolha da imagem dos corpos quanto em sua disposição nos espaços escolhidos, é inseparável da problematização que a Situ-Ação opera, seu efeito provocativo.



Cartografia do Poder#2
Cartografia digital produzida com o software Walkingtools, este possibilita a programação de cartografias digitais para serem instaladas em celulares que possuam GPS-Integrado, acionando imagens e sons em determinados pontos da cidade.
Para percorrer está cartografia e ver imagens da performance, basta clicar no link abaixo, fazer o download do arquivo e instalá-lo no celular.


https://rapidshare.com/files/432783809/situBSB.jar

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Pesquisa, invenção e realização: Coletivo Curto-Circuito
Performer: David da Paz
Registros: Camila Mello, David da Paz e Equipe de Registro-Fora do Eixo
Produção Executiva: Escola de Bens Imateriais
Ano: 2011